Livros

Antropologia e Filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia. ed.ufpa. 2015

Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia. Belém: ed.ufpa, 2015.

“Trata-se, portanto, de uma feliz junção entre a categoria “objeto de pesquisa” – o que pressupõe trabalho exaustivo, noite adentro, debruçado sobre livros, recortes de jornais, páginas de romances e telas do computador – e a relação apaixonada com este mesmo objeto, correndo o risco de ser arrastado por essas correntes de afeto e, por fim, “de perder as estribeiras”, como se diz num bom “paraense”, perdendo-se no labirinto. Trabalho de risco, enfim, porque atravessava fronteiras e se situava, para além das demarcações territoriais e geográficas comuns, naquilo que o próprio Benjamin chamou de “limiar […]

O que, portanto, aguarda o leitor nas páginas que se seguem é, antes de mais nada, o resultado de um trabalho de pesquisa, em vários aspectos, extraordinário […]

Ao leitor, deixo agora que percorra essas páginas. Deixe-se cativar pela cidade, por sua cidade, como no emblemático passeio de bonde de “Alfredo” em Belém do Grão Pará. Acompanhe a desilusão de “Carlos”, o protagonista de Um dia qualquer, de Líbero Luxardo. Atravesse a cidade entre as ruínas deixadas em Altar em chamas, de João de Jesus Paes Loureiro e se comova com o mendigo-aedo, que nos conclama à preservação do que está prestes a sucumbir ao progresso, no curta-metragem Ver-o-Peso. Enfim, que não tema se deslocar por entre a cidade dilacerada, corroída, corrompida, como em Dias ou em Os Éguas. Mesmo que ao final, não lhe seja anunciada nenhuma esperança, nenhuma salvação. Afinal de contas, como na famosa passagem de Baudelaire, “a cidade muda mais rápido do que o coração de um mortal”. Filosofia, literatura, antropologia, história, cinema: Benedito Nunes ficaria certamente feliz em ver seu nome associado a esse livro”.

Do Prefácio, de Ernani Chaves

 

 

 

amazônia cidade capa - Copia 200 pxls

Amazônia, cidade e cinema em Um dia qualquer e Ver-o-Peso: ensaio. Belém: IAP, 2012.

“Relivaldo Pinho desde cedo sucumbiu à fascinação desse mundo, no melhor sentido que este diagnóstico – que espero esteja correto – pode ter, isto é, o de sucumbir ao objeto não pelas vias tortuosas da empatia, mas pelos caminhos cinza, obscuros em grande medida, do que podemos chamar de reflexão. Reflexão apaixonada e engajada, certamente, mas que não deixa de ouvir o chamado, a voz própria que ora murmura, ora ruge, vinda de seu objeto: a ligação entre modernidade, cinema e cidade na Amazônia, mais especialmente em Belém. […] Com isso, a fantasmagoria da ‘Paris nos trópicos’ reaparece invertida criticamente: não se trata mais de embelezar a cidade por meio de imagens, para mais uma vez tentar livrá-la dos pobres e de todas as formas de sujeira, mas de tomar as imagens da cidade em dois momentos próximos cronologicamente e ao mesmo tempo tão distantes do ponto de vista das ‘ideias’, para, por meio delas, trazer à luz as tensões, os embates, os conflitos que a instauração de uma ‘vida moderna’ pode significar entre nós. Assim sendo, Um dia qualquer e Ver-o-Peso, os dois filmes aqui analisados, acabam por se constituir como alegorias da nossa modernidade. Quem diz alegoria, diz história e quem diz história diz transformação, mudança, movimento. A Belém de Líbero Luxardo não é mais a de Januário Guedes, Peter Holand e Sônia Freitas, porque não só Belém não é mais a mesma, mas porque a Amazônia, o Brasil e o mundo não são mais os mesmos.

Reflexão apaixonada e engajada, mas igualmente rigorosa, pois resultado de uma pesquisa aprofundada do ponto de vista documental, que nos devolve diversas imagens de Belém que se cruzam na mesma imagem cinematográfica, mas também que nos restitui um pouco do entorno que dá substância a essas imagens, construindo com elegância e finesse, entre outras histórias, a da crítica cinematográfica paraense”.

Do Prefácio, de Ernani Chaves

 

capa mito e modernidade - Copia 200 pxls

Mito e modernidade na Trilogia amazônica, de João de Jesus Paes Loureiro. Belém: NAEA/UFPA, 2003.

“Tomando Porantim (1978), Deslendário (1981) e Altar em chamas (1983), isto é, os livros quem compõem a Trilogia amazônica, de João de Jesus Paes Loureiro, Relivaldo Pinho de Oliveira analisa a produção poética de Paes Loureiro neste momento, como que entranhada não só na vivência do poeta, filho de Abaetetuba, mas também numa série de problemas e questões vinculados ao processo de modernização da Amazônia. O Rio, o Caboclo e a Cidade formariam aí, os três eixos articuladores, em torno dos quais, segundo a interpretação proposta neste livro, o poeta organiza a leitura do seu próprio tempo. Interpolando a poesia de Paes Loureiro com seus textos teóricos […], Relivaldo Pinho acaba por traçar, nas suas linhas mais gerais, não só o itinerário do poeta e teórico, onde poesia e produção teórica caminham juntas, se iluminando reciprocamente, mas também uma faceta cada vez mais importante dos estudos amazônicos, a que privilegia, no interior da cultura, o imaginário, da qual João de Jesus Paes Loureiro é, sem dúvida, o representante mais ardoroso e ilustre”.

Do Prefácio, de Ernani Chaves

 

capa cinema na Amazônia (2) - Copia 200 pxls

Cinema na Amazônia: textos sobre exibição, produção e filmes. Belém: CNPq, 2004.

“Este trabalho é o resultado de um esforço que intentou estudar o cinema na Amazônia nas suas variadas dimensões com o objetivo de fornecer novos elementos para sua compreensão. Previsto como um dos produtos do Projeto Processos comunicacionais, cinema e identidade: subsídios para políticas culturais na Amazônia, que teve apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o livro reflete as etapas propostas no projeto e executadas durante a pesquisa.

Composta de ensaios, artigos e depoimentos – uma forma que enriquece o tema fornecendo vários ângulos de observação – inéditos em material impresso e ricamente ilustrado, a obra traz o levantamento histórico, feito através da pesquisa de imagens e textos de jornais e revistas, entrevistas com personagens (realizadores, pesquisadores, críticos), que pode ser observado na maioria dos textos. O pioneirismo de Ramon de Baños, os diversos aspectos da história das exibições pelas salas do Estado; a participação de Líbero Luxardo e da geração de 1960 e 1970; e as análises que buscam estudar as representações da Amazônia em produções fílmicas locais são os temas centrais que são atravessados por vários outros aos quais o cinema na região se liga.

Nesse sentido, este livro deve ser visto não apenas como resultado de um projeto, e sim, espera-se, como o início de outros que se dediquem a esse objeto, sejam eles acadêmicos, públicos ou pessoais. Ele pode ser tomado como um roteiro que sirva para novas imagens e sequências sobre o cinema na Amazônia”.

Do Prefácio, de Relivaldo Pinho

 

 

 

 

 

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